PORQUE LI?
Porque estou, desde o início deste ano, a implementar um projeto pensado para bebés prematuros e os seus pais. A recolha e leitura de informação acerca da prematuridade tem tem sido uma prioridade.
O QUE ACHEI?
“Um prematuro é um bebé que tem um começo diferente, que entra no mundo ainda inacabado. É tudo tão minúsculo que se torna difícil acreditar no que vemos ou olhar para cada parte do seu corpo como de uma pessoa verdadeira. Em boa verdade, porém, a sua vontade de viver, a sua luta pela sobrevivência, a sua obstinada revolta contra o destino são próprias de seres verdadeiramente excepcionais, que têm o que quer que seja de heróico, no sentido mais amplo e positivo da palavra.” (Pág. 110)
“Prematuros” é um pequeno livro (apenas 114 páginas, em formato livro de bolso) editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e vendido a um preço irrisório — 3,50 Euros. Tendo em consideração a qualidade do que li e o custo quase nulo a que a informação nos é oferecida, diria que o trabalho editorial da FFMS constitui um verdadeiro e louvável serviço público.
Durante alguns meses, João Pedro George, também ele pai de uma menina prematura que nasceu em Madrid, percorreu alguns dos principais serviços de neonatologia portugueses para escrever este livro que é, no fundo, uma grande reportagem. Assim construiu o retrato da prematuridade em Portugal, explicando-nos tudo num português que qualquer leitor entenderá (embora por vezes não seja possível evitar termos médicos mais complexos), com objetividade jornalística, mas também com profunda sensibilidade.
Sabendo perfeitamente o que é estar do outro lado da barricada — uma vez que passou quatro meses numa unidade de neonatologia enquanto lá teve a sua própria filha — o autor dá-nos conta da evolução impressionante dos meios humanos e técnicos ao dispor dos utentes portugueses do Serviço Nacional de Saúde (sendo que na neonatologia em Portugal está muito bem cotado a nível internacional), dos custos astronómicos envolvidos (e que ignoramos…), da ginástica orçamental feitas pelos hospitais e pelos seus profissionais, da profunda dedicação de cada profissional à causa de cada bebé prematuro e da sua família, do envolvimento emocional sem a perda da necessária lucidez, dos desafios deontológicos, das histórias que os pais de bebés prematuros relatam na primeira pessoa.
Um livro que, apesar de duro nalgumas passagens, nos enche de esperança e de orgulho. Recomendo-o vivamente a todos os pais e familiares de bebés prematuros e aos que, como eu, querem tão só aprender mais sobre o assunto.