Jaroslaw e os Sanguinistas

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Dez anos após a minha última visita a Londres, eis que uma viagem ao Irão me dá a possibilidade de passar umas horas na capital inglesa, graças a uma escala de onze horas entre Lisboa e Teerão. Saída do voo da British Airways em Heathrow, entrei no tube e desembarquei em Westminster, junto aos pés do Big Ben, passava pouco do meio-dia.

Naquele sábado de fim de Setembro, surpreendeu-me o céu completamente limpo, o sol forte e as temperaturas de um Verão quase lusitano. Espanto causou-me também a multidão que se passeava na rua, junto às margens do Tamisa. Havia milhares de turistas e houve momentos em que nos acotovelávamos nos passeios!

Não me lembrava da cidade assim, precisamente nesta mesma zona e na mesma altura, em 2001, quando lá fui pela primeira vez passar uma semana de férias. Mas depois recordei que esta sensação me assalta quase sempre que saio de Portugal, bastando-me ir a Espanha, e que no regresso a casa me pergunto com frequência onde raio se meteram as pessoas. Mesmo nas grandes cidades, somos de facto muito poucos.

Depois do almoço, dirigi-me à Catedral de Westminster na expectativa de voltar a visitá-la. Porém, deparei-me com o monumento fechado. Acabei por me demorar no relvado lateral ao edifício porque foi aí que encontrei aquele que viria a ser o primeiro leitor da viagem, um polaco chamado Jaroslaw.

Turista como eu, Jaroslaw visitava Londres pela segunda vez no âmbito da sua actividade profissional: é treinador de Karaté. Aliás, foi na qualidade de treinador que esteve também em Portugal no decorrer de um Campeonato Europeu da modalidade e disse-me ter gostado tanto do nosso país que é certo que voltará em breve com a família.

Naquele sábado aproveitava a tarde excepcional para relaxar e avançar na leitura de “Ewangelia Krwi” (“O Evangelho de Sangue”, na edição portuguesa), um thriller histórico da autoria de James Rollins e Rebecca Cantrell. “Leio bastante, sobretudo thrillers e romances históricos. É a primeira vez que leio um livro destes autores, mas estou a gostar muito. Aliás, actualmente leio quase só autores americanos traduzidos”, explicou-me.

E agora que, passado mais de um mês, escrevo sobre aquela tarde em Londres, reparo nisto: o facto de Jaroslaw ter escolhido o perímetro de um templo cristão da igreja Anglicana para ler um romance sobre uma obscura seita do Vaticano, uma ordem imortal conhecida como Os Sanguinistas, que terá sido fundada sobre o sangue de Cristo.

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