Já li — Aristides de Sousa Mendes

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PORQUE LI?

Depois de dois anos sem visitar a Feira do Livro do Porto, este ano tive o imenso privilégio de participar no evento não só através das Oficinas de Biblioterapia que aconteceram aos Domingos à tarde, mas também por intermédio do workshop que a Biblioteca Municipal Almeida Garrett me convidou a conceber, ao qual chamei “Jovens Caçadores de Leitores”.

Foi numa dessas tarde, após o fim das actividades em que estive envolvida, que a Maria Deolinda, colaboradora da Imprensa Nacional Casa da Moeda, me convidou a visitar o stand da instituição e me apresentou a colecção Grandes Vidas Portuguesas. Trata-se de uma série de livros juvenis de grande qualidade, que traça um retrato do “Portugal de ontem, de hoje e de sempre, através das vidas de quem o fez grande”, como a própria INCM explica.

A colecção conta já com sete títulos. Estavam todos à venda com 50% de desconto. Comprei por impulso o volume dedicado a Aristides de Sousa Mendes, um homem sobre o qual ainda sei muito pouco.

O QUE ACHEI?

Antes de mais, achei todos os livros da colecção, enquanto objectos, lindíssimos. Tudo neles me agrada: o formato, a capa dura, o papel, a qualidade da impressão. E depois, em “Aristides de Sousa Mendes – Um Homem de Coragem” em particular, a beleza das ilustrações de Alex Gozblau e a excelência do texto a que José Jorge Letria já nos habituou.

As 40 páginas do livro incidem, como é óbvio, sobre o episódio que eternizou Aristides de Sousa Mendes, o homem que durante a Segunda Guerra Mundial emitiu, à revelia das ordens de Salazar, milhares de vistos portugueses para refugiados judeus de toda a Europa que escaparam, assim, a uma morte quase certa.

Apesar da brevidade do texto, este relata de forma fidedigna os eventos corridos e conta, até, com excertos de correspondência deixada pelo cônsul onde justifica, a pensar sobretudo nos seus filhos, a atitude que tomou. Só este aspecto mais que justifica que este livro chegue às mãos do leitores mais jovens, para que testemunhem de que fibra é feita um verdadeiro humanista e de que valores não abdica independentemente das circunstâncias em que se encontra.

Outro aspecto que me deliciou foi o facto da história principal ser intercalada por diálogos entre um menino refugiado e o seu pai, que aguardam pacientemente pelos seus vistos à porta do consulado português em Bordéus. Ambos acabam por passar por Portugal antes de seguir para os Estados Unidos da América e José Jorge Letria faz com que o caminho do menino se cruze com o de Antoine de Saint-Exupéry aquando da sua estadia no Estoril. O autor quer com isto fazer-nos crer que Saint-Exupéry se inspirou na figura loira do menino judeu refugiado para dar corpo ao seu Principezinho.

Este menino feito Principezinho crescerá noutro continente, mas nunca esquecerá o que Aristides de Sousa Mendes fez por ele e por outros milhares de judeus. Já homem, ao contar a sua história aos descendentes, faz com que a memória do cônsul português se perpetue.

Coragem, sacrifício, altruísmo, abnegação, liberdade, direito à vida, esperança, carinho, amor são alguns dos ingredientes que tornam esta história verídica recontada por José Jorge Letria e ilustrada por Alex Gozblau indispensável à formação do caracter das crianças portuguesas. Eu, pela minha parte, prometo que procurarei ler mais sobre o nosso herói. Já trago debaixo de olho uma biografia escrita por Teresa Mascarenhas e outra da autoria de José Alain Fralon.

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