A convite da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, concebi e ministrei um workshop no âmbito da Feira do Livro do Porto 2016, com base na minha experiência com o Acordo Fotográfico. Este workshop, a que chamei “Jovens Caçadores de Leitores”, foi pensado para adolescentes e permitiu que os participantes adquirissem noções sobre blogosfera, princípios básicos de fotografia e estratégias para escrever melhor.
Tendo por base o tema da edição 2016 da Feira do Livro — as ligações — os participantes foram depois convidados a replicar, nos jardins do Palácio de Cristal, o que eu faço quase diariamente: fotografar e entrevistar pessoas que leem em locais públicos.
Esta primeira experiência foi, no que me diz respeito, altamente gratificante e alimento a expectativa de poder repeti-la noutros locais, no âmbito doutros eventos literários. Por isso, acrescentei ao menu do Acordo Fotográfico um novo separador a que chamei “Jovens Caçadores de Leitores”, onde passo a publicar os trabalhos dos participantes no workshop. Espero, daqui a algum tempo, ter lá acumuladas muitas fotografias e muitos textos. Espero, também, que gostem de os ler.
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A Feira do Livro, no Palácio de Cristal, Porto, já estava aberta há quatro dias. Vários leitores reuniam-se no local à procura de bons livros ou de um bom ambiente para lerem. Em certos casos, os dois.
Nesse mesmo dia, eu e mais três amigas passeávamos pela feira. Participávamos num workshop de escrita criativa. Iríamos depois escrever individualmente um pequeno artigo e precisávamos de reunir informações entrevistando alguns leitores pela feira e tirando fotografias dos mesmos lendo. As perguntas que iríamos fazer eram sobre o livro e consistiam em saber a opinião do leitor sobre o mesmo e também sobre os seus gostos de leitura.
Rui Esperança passeava pelos stands de livros que a feira disponibilizava e o livro “D. João II”, de Manuela Mendonça chamou a sua atenção. Comprou-o a bom preço e, sem conter a ansiedade por saber o conteúdo do livro, sentou-se num banco de pedra por detrás da feira, tentando assim evitar ruídos e sons desagradáveis, e folheou a sua nova aquisição.
Quando o vimos a ler decidimos aproximarmo-nos. Apresentámo-nos ao Sr. Rui e ele prontamente aceitou participar no nosso projecto. Fiz a prometida fotografia e rapidamente tirei o meu bloquinho do bolso e comecei a inquirir o leitor.
Este adepto de livros históricos confessou que, depois de folhear algumas páginas, não criou muitas expectativas para a futura leitura. Segundo o mesmo, a escrita do livro está ligeiramente atrapalhada mas, para ele, o mais importante são os factos históricos inseridos no livro e esperava que estes estivessem comprovados.
Perguntámos se o Sr. Rui já conhecia a escritora Manuela Mendonça e este revelou-nos que “D. João II” seria o primeiro livro que iria ler da sua autoria. A curiosidade falou mais alto e inquirimos o leitor sobre o seu escritor favorito. Este falou-nos de Italo Calvino, um homem nascido em Cuba, que após o seu nascimento, viajou para Itália, país de origem dos pais, onde viria a morrer a 1 de Setembro de 1985, em Siena, com 61 anos.
Rui Esperança falou-nos sobre a sua experiência em alfarrabistas e contou-nos que, com os seus 16 anos, ia muito ao “Candelabro”, uma loja no Porto, onde ficava horas e horas a ler e a folhear os livros, e raramente os comprava pois eram relativamente caros. Eu não conhecia o termo “alfarrabista”, então posso dizer que foi uma das coisas que aprendi com esta pequena entrevista.
Sem muito mais para perguntar, demos por encerrada a nossa conversa com o Sr. Rui. Agradecemos a sua participação e desejámos uma boa leitura!
Fotografia e texto: Ana Margarida, 13 anos. Sobre os Jovens Caçadores de Leitores, a Ana Margarida escreveu: “Gostei muito do workshop. Aprendi muita coisa e diverti-me imenso! Contei aos meus amigos esta experiência e ficaram todos entusiasmados por experimentar também!“