Ana Zanatti e o Sexo Inútil

Ana Zanatti O Sexo Inútil Acordo Fotográfico Sandra Barão Nobre

Na última edição do Festival Literário Correntes d’Escritas, que decorreu na Póvoa de Varzim entre os dias 23 e 27 de Fevereiro, foram lançados quase duas dezenas de livros. “Sexo Inútil”, de Ana Zanatti, foi um deles e eu não só tive a possibilidade de assistir à apresentação, como me foi concedido o privilégio de fotografar a autora com a sua obra.

Sexo Inútil” é, nas palavras da autora, “um concerto com muitas vozes” e “ao fazer-se a radiografia desse concerto, vê-se o esqueleto da caminhada de muita gente” que, não só em Portugal mas pelo mundo inteiro, luta pelo direito de fazer o seu percurso, ainda que este esteja constantemente ameaçado pelo preconceito. As vozes a que Ana Zanatti se refere são as dos muitos testemunhos que foi recolhendo ao longo de quarenta anos: novos e velhos, homens e mulheres, pais que não sabem lidar com a homossexualidade dos filhos, casais que puseram fim a casamentos heterossexuais para assumir a sua condição gay, entre muitos outros. A estes depoimentos tocantes, a autora juntou as suas próprias reflexões e excertos dos seus diários de adolescente. E a unir todos estes pontos, um fio condutor: a troca de e-mails que, durante cerca de um ano, aconteceu entre Zanatti e uma jovem estudante de medicina atormentada pelo despertar e pela definição da sua sexualidade no seio de uma família homofóbica.

Para Ana Zanatti, escrever sobre o atentado à dignidade da comunidade LGBT e denunciar o preconceito continua a ser urgente, porque ainda que se tenham dado passos significativos no que diz respeito, por exemplo, à legislação, as mentalidades estão longe de ter progredido ao mesmo ritmo. Instalou-se a ideia de que o tema já não constitui um problema e muitos dizem respeitar a homossexualidade, até ao dia em que esta lhes bate à porta e entra nas suas casas, escolas ou locais de trabalho.

Por isso a autora sublinha: “Eu gostava que este livro não fosse olhado como um alerta de uma minoria para uma minoria ou de LGBT para LGBT, mas sim como um alerta de pessoas para pessoas”. Porque a homossexualidade toca a todos e porque convém que todos saibamos lidar com ela, Zanatti espera que “Sexo Inútil” possa contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva.

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