Vira, a professora

 
 
Tenho uma sorte dos diabos! Não andava de metro no Porto há uns seis anos e, no último sábado, mal entrei na carruagem, arranjei um lugar em frente a uma leitora. Foi como se a Vira estivesse à minha espera. Nessa manhã, aproveitou a viagem entre Matosinhos e a Trindade para folhear uma gramática russa e preparar uma aula. Há dez anos, ela e o marido deixaram a Ucrânia onde os salários não permitiam pagar os estudos de medicina da filha. O sacrifício foi amplamente compensado: a filha é hoje médica no Hospital de S. João. E a Vira, que durante a semana trabalha doze horas por dia noutra atividade, também arranjou forma de exercer a sua verdadeira profissão: aos fins de semana é professora de russo e ucraniano numa escola para filhos de imigrantes.
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