Já li – Cérebro e Leitura

Acordo Fotográfico - Sandra Barão Nobre - Já li - Cérebro e Leitura

PORQUE LI?

Nos últimos anos tenho investido mais na leitura de livros da área das Ciências Sociais e de divulgação científica com grande prazer e saldo altamente positivo no que diz respeito a novas aprendizagens e perspectivas sobre os mais variados assuntos. Os livros e a leitura ganharam este ano um peso suplementar na minha vida com o lançamento d’ Abiblioterapeuta.com e respectivos serviços de Biblioterapia. Decidi, por isso, aprender mais sobre o que se passa no nosso cérebro quando lemos, mas sobretudo o que leva uns a gostar tanto de ler e outros nem por isso. Este “Cérebro e Leitura” estava na minha lista havia ano e meio. Chegou a altura de lê-lo.

O QUE ACHEI?

Para uma primeira abordagem ao tema, achei excelente que o livro fosse conciso sem deixar de ser sumarento! Permitiu-me adquirir muitos conhecimentos novos, para além de ter tido a oportunidade de confirmar informações sobre como se forma o gosto pela leitura — extensiva, literária, contemplativa — e que barreiras se colocam hoje à aquisição desse gosto pelos mais novos. Partilho convosco os aspectos que me pareceram mais interessantes . Passo a citar:

  • A enorme desproporção entre o tempo que os adolescentes dedicam às novas tecnologias e o tempo dedicado à leitura extensiva, leva a uma maior propensão para a leitura fragmentada;
  • O actual ambiente fomenta o chamado “cérebro malabarista”, capaz de atender a vários estímulos em simultâneo e incapaz de se forcar numa única coisa de cada vez;
  • Os “nativos digitais”, por estarem em permanente comunicação (através das redes sociais ou envio de sms, por exemplo), têm dificuldade em praticar acções que exijam uma atenção selectiva. A leitura extensiva ou literária é uma delas;
  • O cérebro das novas gerações está a ser estimulado para a prontidão e rapidez de acções em detrimento do pensamento crítico e construtivo;
  • Estamos a habituar o cérebro a passar pelos textos e não a deter-se sobre o seu conteúdo para reflectir, o que gera conhecimentos superficiais incompatíveis com uma leitura contemplativa;
  • Ler é um processo de recordação, construção e associação. Para se estabelecer uma compatibilidade entre o leitor e o livro, e para que se instale o prazer de ler, é essencial associar a informação que o indivíduo recebe através do livro com a que ele já tem no seu pensamento;
  • A relação com a leitura poderá estar intimamente ligada ao nível de experiências concretas que os indivíduos possuem. Por isso, a par da importância afectiva que tem o contacto com o livro na mais tenra infância, o primeiro grande investimento no moldar do gosto para a leitura é a vivência de experiências concretas;
  • A ausência de experiências concretas torna todas as representações, contactadas pela primeira vez através do livro, pouco significativas quando comparadas com o contacto real;
  • Da mesma maneira que não se aprende a ler com a execução de algumas actividades pontuais, preparar o cérebro para adquirir um determinado gosto exige uma acção continuada. É esta lógica que se aplica ao gosto pela leitura.
  • Instalou-se a crença de que estamos a educar uma geração distinta ao nível da aprendizagem, o que não é verdade. O ser humano é moldado e molda os contextos, e o actual contexto é mais propício à leitura fragmentada, com todos os prejuízos que isso acarreta. Se o contexto for propício à leitura extensiva o cérebro habitua-se a ler, o gosto pela leitura contemplativa instala-se no indivíduo e a sociedade pode tirar partido, no seu conjunto, dos enormes benefícios daí provenientes.

E, nunca é demais insistir neste aspecto, embora seja bom começar a criar o hábito de ler desde pequeno, nunca é tarde para adquirir o gosto pela leitura. Desde que nos comprometamos com esse objectivo e dediquemos parte do nosso tempo a ler, nem que seja uns minutos por dia, o nosso cérebro habitua-se a essa rotina.

Por último, a leitura do texto de Teresa Silveira levou-me a colocar definitivamente na minha lista de leituras futuras três livros que já trazia debaixo de olhos: “Os Superficiais”, “Pensar, depressa e devagar” e “Fluir”.

Soube que a autora continua a investigar nesta área e que prepara a sua tese de doutoramento. Espero que esse trabalho venha a ser publicado em livro também. Até lá, “Cérebro e Leitura” é definitivamente uma obra que recomendo a todos os que se interessam por esta temática, pais incluídos. Não temam! O livro está escrito numa linguagem acessível.

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