Brasília – Pedro Henrique & George R. R. Martin

 
Um dos grandes defeitos que os brasileiros apontam à Capital Federal (sobretudo os que não vivem lá!) é a sua enorme extensão (5,800 quilómetros quadrados) o que combinado com a rede de transportes públicos ineficiente, faz com que grande parte dos 2.790 milhões de habitantes optem por ter carro próprio e vivam presos em engarrafamentos. E eu, que já visitei as quatro maiores cidades do país na altura em que escrevo este post — São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador da Bahia e Brasília — acho muita piada a estas críticas porque o que sei agora é que este problema está longe de ser um exclusivo de Brasília… A minha experiência na cidade não foi de todo traumatizante no que diz respeito aos transportes. Diria até que foi o local onde menos perdi tempo no trânsito. De manhã tinha a vantagem de aproveitar a boleia do meu anfitrião para o centro e ao fim do dia dirigia-me ao gigantesco Terminal Rodoviário para apanhar o autocarro de regresso a casa. A viagem, feita por corredores exclusivos que garantem a fluidez do tráfego, durava pouco mais de meia hora. Este terminal, que foi inaugurado em setembro de 1960, é o marco zero de Brasília e fica no ponto onde se cruzam os seus dois principais eixos rodoviários. Estatísticas de 2012 indicam que o local é frequentado por cerca de 700 mil pessoas por dia. Conseguem imaginar o frenesim? Há gente que se desloca em todas as direções e cruza as filas que se formam para entrar nos autocarros. Há vendedores ambulantes que comercializam gadgets, brinquedos, frutas, doces e uma infinidade de outros produtos. Há bancas de jornais e revistas. Há pedintes e gente que dorme sob os viadutos. Nesse lugar, cujo caos foi adensado graças às obras a que está a ser sujeito por causa do mundial de futebol, passei pelo Pedro Henrique, que lia “A Guerra dos Tronos” e parecia alheio a tudo. Este jovem estudante universitário tinha acabado de ler os livros de Harry Potter havia pouco tempo e estava à procura de um novo livro que o prendesse profundamente e o ajudasse a passar pelas duas horas diárias que investe nos transportes públicos. “São seis a sete viagens todos os dias entre a faculdade, o trabalho, o ginásio e o regresso a casa“, explicou-me. Uma vez que tinha gostado muito da série que viu na TV, decidiu avançar para a leitura da saga de George R. R. Martin e não estava nada arrependido. Esta história passada na época medieval estava a deliciá-lo.

Vejam mais fotografias deste leitor aqui.
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