Conversar sobre livros e esquecer a chuva

 

Mais um dia de chuva torrencial no Porto. Entro na carruagem do metro apinhada de gente, o ar saturado de humidade, as janelas embaciadas. Tento manter-me afastada dos guarda-chuvas molhados dos outros e procuro não incomodar ninguém com o meu. Detesto guarda-chuvas. Detesto! Algumas paragens mais adiante vaga um lugar. É a satisfação de me sentar por uns quinze minutos, pegar num livro e esquecer os pés molhados dentro das botas que cederam ao dilúvio. Só quero chegar a casa. Mas este fim de dia neurótico reserva-me um desenlace feliz: ao ocupar o meu lugar dou de caras com a Marlene que lê. Consumidora habitual de romances, romances históricos e livros de teor espiritual — os seus géneros literários preferidos —, a Marlene considera que ler é um prazer que tem grandes virtudes: permite que conheçamos histórias (reais ou fictícias) que servem de exemplos orientadores para as nossas vidas, amplia o nosso vocabulário e a nossa capacidade de expressão, estimula o nosso imaginário. “Idealizamos os locais, os objectos, as personagens fisicamente e aí é que está a magia da leitura. Por vezes quando acabo um livro e começo outro, tenho dificuldade em desligar-me do anterior“, diz. O livro que tinha consigo quando a conheci era “A Herança“, de Danielle Steel. “É uma escritora de que gosto muito. Já li vários livros dela. A escrita é simples, com histórias intrigantes e empolgantes que envolvem sempre o amor“, explica. O romance fora-lhe emprestado, algo normal para Marlene que troca frequentemente de livros com familiares, amigos e colegas de trabalho. Pedi-lhe que me dissesse qual é o livro da sua vida. Respondeu que talvez seja “A Sombra do Vento“, de Carlos Ruiz Zafón. E a mensagem ou ensinamento mais importante que um livro já lhe transmitiu? A Marlene foi buscar a resposta a um outro livro de Zafón, “O Jogo do Anjo“: “As boas palavras são bondades inúteis que não exigem sacrifício algum e recebem mais agradecimentos do que as verdadeiras bondades“.

 

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2 thoughts on “Conversar sobre livros e esquecer a chuva

  1. Sou profundamente apaixonada pelo Zafón e, quando digo profundamente, tenho plena consciência de que não estou a fazer plena justiça àquilo que sinto quando leio o que ele escreve 🙂

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