Para a Andrea, que é coordenadora editorial há 11 anos, o livro e a leitura são do mais democrático que há. “Há livros sobre tudo, de todos os géneros, de todos os formatos e tamanhos, enfim, há livros para todos os gostos”, afirma. Para si, ler é um ato que define a sua identidade enquanto profissional, mas é também uma forma de viajar e uma fonte de prazer. Embora tenha de ler para trabalhar, diz conseguir separar as águas entre labor e lazer.
Fotografei-a no jardim do Palacete Silva Monteiro, no centro do Porto, onde funciona a Casa do Vinho Verde. Por estar em frente ao local onde trabalho e por proporcionar alguma tranquilidade, a par de uma vista magnífica sobre o Douro, não é raro encontrar colegas a ler neste jardim à hora do almoço, desde que o tempo assim o permita. Naquele início de tarde a Andrea ia mais ou menos a meio d’ “A Rainha no Palácio das Correntes de Ar“, o terceiro e último volume da saga Millennium, de Stieg Larsson. Tinha conseguido ler os dois outros tomos durante as férias, apesar de todos os cuidados que o seu bebé de 17 meses exige, o mesmo bebé que fez questão de deixar a sua marca no livro que teimava em roubar a atenção da mãe — a página 265 estava composta com fita adesiva e continha a seguinte nota: “Rasgado por Zé Maria a 31 de agosto de 2013”. A Andrea não é leitora de thrillers, mas rendeu-se ao trabalho de Stieg Larsson, que a surpreendeu. Considerou os textos muito bem compostos, os personagens bem construídos e achou interessante a história ter por base uma investigação jornalística que desconstrói a ideia de que a Suécia é um país perfeito, imune à corrupção.
Conheço o José Eduardo Agualusa de bebé. Era filho da diligente reitora de um magnífico liceu onde estudei, no seio da mãe Angola.
É verdade que ele vive de sonhos. Eu também…
Talvez por isso, gosto dos seus livros.
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Cara Torrada e Meia de Leite,
Muito obrigada! 🙂
Sim, eu também acho que o livro em papel não deixará de existir. Poderá tornar-se mais caro, talvez, mas persistirá, com certeza.
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É delicioso o pormenor da folha do livro renascida da fita adesiva,com a data e o nome do bebé artista. Consegue-se escrever a vida num e-book? Por estas e por outras é que eu acho que o livro em papel nunca se extinguirá.
Parabéns pelo seu trabalho “blogático”, não se limita a falar de livros mas do pulsar que os rodeia.
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