Nos últimos tempos, quando me perguntavam se havia alguém ou alguma situação em particular que gostasse de fotografar, eu respondia invariavelmente que gostaria muito de fotografar um taxista a ler. É provável que esteja errada, mas no meu imaginário os taxistas são aqueles sortudos cuja profissão proporciona algum tempo livre para a leitura (assim como os vigilantes, seguranças, porteiros, rececionistas, motoristas particulares, portageiros e outras ocupações que tais) e por isso andava ansiosa por fotografar um deles agarrado a um livro enquanto esperava pela próxima corrida, numa qualquer praça de táxis. Aqui pelo Porto ando sempre atenta às paragens de táxis. Quer parecer-me, aliás, que os taxistas que costumam estar junto à minha paragem de autocarro já me miram com suspeição porque passo a vida a espreitar para o interior dos carros… Em Madrid, no entanto, eu andava distraída com outras coisas. Naquela tarde, tinha acabado de subir a pé o Passeo de la Castellana para ver as estátuas do Botero e no caminho descendente ia já a matutar na visita seguinte. Talvez por isso, quando passámos pela praça de táxis em frente a um hotel de 5 estrelas foi a minha mãe, e não eu, quem reparou num taxista a ler.
Aproximei-me da janela do lado do “pendura”, expliquei o que pretendia e fui logo surpreendida. Para além de “Otros Días, Otros Juegos“, o romance de Manuel Vicent que tinha nas mãos, este simpático taxista madrileno tinha ao seu lado outros três livros, porque tem o hábito de ler vários ao mesmo tempo: um volume sobre a história de Madrid, cujo título não retive e que não surge na foto em cima; o romance “Travesuras de la niña mala“, de Mario Vargas Llosa e “La Hora de todos y la Fortuna con Seso“, de Francisco de Quevedo. Infelizmente, as fotografias tiveram de ser feitas à pressa. Estávamos nós bem no início da nossa conversa quando uma cliente muito apressada (e com cara de poucos amigos…) entrou no táxi. No meio da minha atrapalhação esqueci-me completamente de perguntar ao Sr. Taxista como se chamava. Também não lhe entreguei o habitual marcador, nem fiquei com o seu email para lhe enviar as fotografias. Lembrar-se-á ele de vir até ao blogue da portuguesa que lhe fez um pedido insólito? Eu cá gostava muito!
Aproximei-me da janela do lado do “pendura”, expliquei o que pretendia e fui logo surpreendida. Para além de “Otros Días, Otros Juegos“, o romance de Manuel Vicent que tinha nas mãos, este simpático taxista madrileno tinha ao seu lado outros três livros, porque tem o hábito de ler vários ao mesmo tempo: um volume sobre a história de Madrid, cujo título não retive e que não surge na foto em cima; o romance “Travesuras de la niña mala“, de Mario Vargas Llosa e “La Hora de todos y la Fortuna con Seso“, de Francisco de Quevedo. Infelizmente, as fotografias tiveram de ser feitas à pressa. Estávamos nós bem no início da nossa conversa quando uma cliente muito apressada (e com cara de poucos amigos…) entrou no táxi. No meio da minha atrapalhação esqueci-me completamente de perguntar ao Sr. Taxista como se chamava. Também não lhe entreguei o habitual marcador, nem fiquei com o seu email para lhe enviar as fotografias. Lembrar-se-á ele de vir até ao blogue da portuguesa que lhe fez um pedido insólito? Eu cá gostava muito!
Olá Marta,
Foi nesse personagem que pensei sempre enquanto procurava o “meu” taxista leitor. 🙂
Um abraço,
Sandra
LikeLike
No filme Sabrina, personagem interpretada por Audrey Hepburn na sua primeira versão e por Julia Ormond na segunda, o pai da jovem conta que escolheu sua profissão porque ela o permitia ler muitos livros: ele era o motorista.
LikeLike