O Acordo Fotográfico tem sido um excelente pretexto para conhecer gente. Sem este blogue eu sei que nunca abordaria estranhos na rua como tenho feito no último ano e meio. Aqueles que não conheço desafiam-me a descobrir muitas coisas novas e isso é fascinante. Às vezes basta falarmos de um autor que nunca li, um livro que desconhecia ou um tema que achei que jamais me despertaria a atenção. Mas já me aconteceu levarem-me a conhecer árvores centenárias, revelarem-me facetas insuspeitáveis, contarem-me a história da sua vida ou confidenciarem-me onde gostariam de ser sepultados. E depois há a alegria de constatar que entre mim e alguns perfeitos desconhecidos há, também, pontos em comum que vão para além do mundo dos livros. Foi o que aconteceu com o Aníbal cujo percurso de vida o levou a passar por locais remotos onde também eu já estive: Iguaçu, Buenos Aires e Ushuaia.
Os pais do Aníbal eram galegos, mas ele já nasceu no outro lado do Atlântico, em território “Celeste”, naquela zona a norte onde a fronteira da Argentina conflui com a do Brasil e do Paraguai. Depois de ter feito o serviço militar em Ushuaia e de ter vivido em Buenos Aires, surgiu um convite para trabalhar em Portugal que decidiu aceitar. Veio para cá muito jovem, há mais de trinta anos, e por cá se manteve até hoje. Leitor assíduo desde muito pequeno, aprendeu português através dos jornais, que lia todos os dias, mas a sua verdadeira paixão sempre foi a Banda Desenhada. Foi natural, portanto, que o tivesse conhecido na secção de BD da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, um dos locais mais recolhidos do edifício. Aí, sentado numa poltrona, lia “Bomvento na Austrália“, de José Ruy, um álbum que reinterpreta os Descobrimentos Portugueses através das aventuras do piloto Bomvento. Uma história que Aníbal, ele próprio um aventureiro à sua maneira, considerou muito interessante.