PORQUE LI?
Não sei exatamente quando me cruzei com este livro pela primeira vez, talvez isso tivesse acontecido nos meus tempos de livreira. Só sei que quando o vi, em Dezembro, numa das estantes da Livraria 100ª Página, em Braga, me lembrei que tinha de o ler a pensar nas minhas atividades Biblioterapêuticas. Comprei-o, ainda por cima, a preço de saldo: 8,90 Euros.
O QUE ACHEI?
“Muitos poderão lembrar que a liberdade de escolha é um dos grandes sinais de progresso na vida moderna (…) E, no entanto, a faceta característica do mundo moderno não consiste somente no facto de muitos de nós termos uma maior gama de escolhas do que alguma vez aconteceu — escolhas sobre aquilo em que queremos tornar-nos, como agir, a quem apoiar. Consiste antes no facto de, sempre que nos confrontamos com este tipo de escolhas existenciais, sentirmos falta de uma genuína motivação para optar por uma delas.” (Pág. 16)
“Um Mundo Iluminado” é um livro maravilhoso, cheio de outros livros, e é com a ajuda dessas obras, património da literatura universal (de Homero a David Foster Wallace, de Dante a Elizabeth Gilbert), que os autores ajudam os leitores a encontrar — por entre a liquidez do mundo contemporâneo, como diria Zygmunt Bauman, cheio de paradoxos, ambiguidades e indecisões — o caminho para uma vida com significado, para uma vida boa.
Determinados a mostrar que é possível afastarmo-nos das teias do niilismo atual, “Um Mundo Iluminado” recorre a dezenas de histórias de ficção e ensaios filosóficos, desde a antiguidade clássica até aos dias de hoje, para exemplificar como personagens heroicos, fictícios e de carne e osso, lidaram com a constante necessidade de se fazerem escolhas existenciais, tendo por base motivações genuínas, um forte sentido de propósito e agindo com coragem, com confiança, fluindo.
“Um Mundo Iluminado” conquistou-me por quatro principais razões: incrementou a minha já descontrolada lista de leituras a fazer (que angústia saber que nunca terei tempo para ler tudo…); permitiu-me recordar inúmeras teorias, correntes e conceitos filosóficos, o que me deu um prazer enorme; expandiu a minha cultura geral; e é um texto profundamente espiritual, um dos pilares de se ser Humano, uma faceta da qual andamos tristemente arredados.
“Cada pessoa tem de experimentar e ver”, dizem os autores nas páginas derradeiras. Por isso recomendo este livro a quem se passeia por este mundo, que é belo, movido pela curiosidade e a quem ainda não desistiu de se conhecer melhor e de se encontrar. Para seu bem e para bem de todos.
“Cada pessoa tem de estar preparada (…) para permitir a si mesma deixar-se levar para um mundo mais rico e com maior significado. [O] risco de arrependimento é o risco associado a tudo o que é importante, um risco sem o qual as nossas vidas se afundariam na insignificância e no tédio, na inexpressividade e na angústia (…) É necessária uma nova forma de coragem para seguir esta via (…) ninguém consegue tornar-se um mestre na arte sem correr riscos e aprender com as consequências dos erros cometidos (…) Nós, na nossa cultura, estamos a ser chamados a cultivarmo-nos enquanto seres sensíveis àquilo que somos chamados a fazer. O apelo está aí, e aqueles que são suficientemente sensíveis à cultura e à sua rica herança irão escutá-lo (…) [Os deuses] chamam-nos a cultivar a nossa sensibilidade (…) Eles aguardam, entristecidos, que ouçamos o seu apelo.” (Pág. 241 a 243)
Fechei com chave de ouro as leituras de 2017!
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